terça-feira, 24 de junho de 2008

Viagens na minha terra.

Existem pessoas que não esperam por esta época, não! Desesperam por esta época, estão a programá-la o ano todo, nós os comuns mortais começamos a tomar consciência e a pensar nela, agora. Estou a falar de viagens, destinos exóticos, viagens que têm como pano de fundo no nosso pensamento a Rússia, a China, o Vietname, a Tailândia, o Sri Lanka, a Malásia, Singapura, Bali, Austrália, Chile, Argentina, e o Brasil,


tudo regado com aventuras inenarráveis. Mas e se pensássemos todos nas nossas viagens diárias da casa para o trabalho do trabalho para casa de casa para o supermercado e do supermercado para casa e o “créme de lá créme” as viagens para a escola dos miúdos ou como pássaros rumamos para o sul com toda a tralha, com eles, em que estamos trezentas mil horas a ouvir num espaço exíguo a mesma música como por exemplo “o biquini amarelo com bolinhas”. Como vêm temos muito por onde escolher, tudo isto tem música, exotismo e cor. Vamos imaginar uma viagem de metro, entro ensonado, sou empurrado para um canto qualquer, sento-me na expectativa de acalmar, mas a senhora da frente faz um som gutural com a garganta, imagino-a na idade média a chamar pelos Ogres para tornar miserável a vida de uma qualquer princesa, Oppss! Acordo com um “EH pá! Deixa-me sentar”. Delicadamente deixo o sr. passar, senta-se à minha frente, saca de um pacote de bolachas e começa a comê-las, não é um comer normal é uma espécie de agressão agarra na bolacha com uma brutalidade tal qual um lutador de wrestling, morde-a ao mesmo tempo que coloca a língua de fora toda enrolada para a puxar, torcer, trucidar e mais difícil ainda, começa a falar para a senhora ao lado, imaginem um túnel fundo e escuro e um enorme acidente lá dentro o som que dali saía, neste caso podia ser “Afonfo”! Experimentem é indescritível. Bem, chegou a minha saída, que confusão pessoas atropelam-se no primeiro lanço de escadas, empurro um, dois, no terceiro sou atirado ao chão, levanto-me e verifico que o combatente ao meu lado foi derrubado ajudo-o, fazendo um comentário jocoso do tipo, “ olha lá meu! Vieste para combater ou para te meteres nos copos”, volto à terra com um titubeante “obrigado!” e verifico que é um colega da empresa onde trabalho, continuamos como se nada fosse, olho para as horas e verifico que estou um pouco atrasado, acelero o passo e nisto vejo um pouco mais à frente outra pessoa a coxear agarrada a uma canadiana a tentar andar mais depressa e com uma dificuldade enorme para ultrapassar o segundo lance de escadas e ao mesmo tempo fazer frente àquela imensidão de braços e pernas, e uma vez mais vejo que é uma pessoa do meu serviço, cumprimento-a e uma vez mais no meio de conversas de circunstâncias, diz-me “Bem! Lá vou eu marcar uma vez mais o relógio de ponto fora de horas.” E eu qual Dom ou Dona Quixote, agarro-lhe no cartão de ponto subo as escadas a correr saltando os degraus dois a dois, qual quê! De três em três, abrem-se as portas para tão portentosa personagem, mergulho direito ao relógio de ponto e zás trás dou-lhe uma, duas vezes e levanto-me de braços abertos à espera dos aplausos, mas estava todo o mundo a olhar para mim com um olhar de espanto, baixo a cabeça e digo entre dentes um bom dia inaudível, entretanto chega o colega ofegante, agradecendo a gentileza.

Como vêm, todos os dias temos novas aventuras basta um pouco de imaginação e não precisamos de brochuras de sítios exóticos, faça férias cá dentro. Ahhh!! Ainda não vos contei aquela do homem sentado no banco do metro em que ele ocupava com o braço duas cadeiras e na outra colocou a mala e ....... fica para outro episódio.

Bem Hajam,


P.S. Não posso deixar de agradecer à Kat, porque ela, através dos seus contributos diários, que têm sido inestimáveis, é que serviu de inspiração para a acção principal desta história.

Um comentário:

Peninha disse...

Para mim isto não tinha nada que saber: Imaginem fazer esta viagem com um escafandro ou um armadura medieval?
Isso é que era... duvido que empurrões, apalpões, comichões e confusões nos fizessem mossa!!!
O único senão é que tinhamos que andar mais devagar mas isso agora pouco importa!
Se optarem pela armadura não esquecer a lança pois dá sempre jeito. Imaginem colar o cartão de ponto na ponta da lança e assim ainda estávamos a sair do Metro e já estávamos a picar o ponto!!!