segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Ulisses

«Sobranceiro, fornido, Buck Mulligan vinha do alto da escada, com um vaso de barbear, sobre o qual se cruzavam um espelho e uma navalha. Seu roupão amarelo, desatado, se enfunava por trás à doce brisa da manhã. Elevou o vaso e entoou:
- Introibo ad altare Dei.
Parando, perscrutou a escura escada espiral e chamou asperamente:
- Suba, Kinch. Suba, jesuíta execrável.
Prosseguiu solenemente e galgou a plataforma de tiro. Encarando-os, abençoou, grave, três vezes a torre, o campo circunjacente e as montanhas no despertar. Então, percebendo Stephen Dedalus, inclinou-se para ele, traçando no ar rápidas cruzes, com grugulhos guturais e meneios de cabeça. Stephen Dedalus, enfarado e sonolento, apoiava os braços sobre o topo do corrimão e olhava friamente a meneante cara grugulhante que o bendizia, equina de comprimento, e a cabeleira clara tosada, estriada e matizada como carvalho pálido.»
(…)
Ulisses, James Joyce (Tradução de António Houaiss, Ed. Círculo de Leitores)

Nunca li, mas hei-de ler!

Nenhum comentário: