segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O segredo de Joe Gould

O segredo de Joe Gould, de Joseph Mitchell começa assim:

«Joe Gould é um homenzinho jovial e emaciado que se tornou numa personagem conhecida nas cafetarias, snacks, bares e tascas de Greenwich Village ao longo de um quarto de século. Por vezes gaba-se um pouco a contragosto de ser o último dos boémios. ‘Todos os outros foram ficando pelo caminho’, diz ele. ‘Uns debaixo da terra, outros no manicómio, e outros na publicidade.’
A vida de Gould está longe de ser fácil; vive constantemente atormentado pela mesma ‘trindade de males’: fome, ressacas e sem-abrigo. Dorme em bancos do metro, no chão em ateliers de amigos, e em albergues nocturnos na Bowery. Uma vez ou outra arrasta-se até Harlem para ir a um desses estabelecimentos conhecidos como ‘Anexos do Paraíso’, dirigidos pelos seguidores do evangelista negro Padre Divine, onde passa uma noite por quinze cêntimos. Tem um metro e sessenta e raramente pesará mais do que quarenta e cinco quilos. Ainda há pouco tempo contou a um amigo que não comia uma refeição decente desde Junho de 1936, quando foi à boleia até Cambridge e participou no banquete da associação dos finalistas de Harvard de 1911, de que faz parte. ‘Sou a maior autoridade dos Estados Unidos’, diz ele, ‘em matéria de viver sem nada.’»
(…)

Joseph Ferdinand Gould, Joe Gould, formado em Harvard e descende de tradicionais famílias americanas, abandona a vida activa, preferindo ser um boémio de Nova York, viver às custas de favores de amigos e fumar beatas apanhadas no chão das ruas.
Ao longo do livro Joe Gould vai escrevendo "A História Oral do Nosso Tempo" cujos capítulos tanto são compostos por ensaios e devaneios como por transcrições de conversas ouvidas por ele na rua. Este livro representa o seu maior tesouro e, de acordo com o seu entendimento, será esta a obra que lhe trará notoriedade e fama...
Já li este livro há vários anos e gostei bastante apesar das excentricidades do protagonista.

Kat

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