terça-feira, 24 de novembro de 2009

Como conseguimos sobreviver?

Retirei este texto que estava "espalhado" por vários slides de uma qualquer apresentação que recebi um dia destes. Fiz uma compilação e juntei tudo num único texto.
É interessante e é algo que já discutimos várias vezes!!!


"Responde a uma coisa...

Tu que tiveste a tua infância durante os anos 60, 70, 80 ...
Como podes ter sobrevivido?
Afinal de contas...
Os carros não tinham cintos de segurança, apoios de cabeça, nem airbag!!
Íamos soltos no banco de trás aos saltos e na galhofa.... E isso não era perigoso!
As camas tinham grades e os brinquedos eram multicores com pecinhas que se soltavam ou no mínimo pintados com umas tintas “duvidosas” contendo chumbo ou outro veneno qualquer.
Não havia trancas de segurança nas portas dos carros, chaves nos armários de medicamentos, detergentes ou químicos domésticos.
Andávamos de bicicleta para lá e pra cá, sem capacete, joelheiras, caneleiras e cotoveleiras...
Bebíamos água em potes de barro, da torneira, duma mangueira, ou duma fonte e não águas minerais em garrafas ditas “esterilizadas”.

Construíamos aqueles famosos carrinhos de rolamentos e aqueles que tinham a sorte de morar perto duma ladeira asfaltada, podiam tentar bater records de velocidade e até verificar no meio do caminho que tinham economizado a sola dos sapatos, que eram usados como travões...
Depois de acabarmos num silvado aprendíamos.

Íamos brincar na rua com uma única condição: voltar para casa ao anoitecer. Não havia telemóveis... Os nossos pais não sabiam onde estávamos! Era incrível!
Tínhamos aulas só de manhã, e íamos almoçar a casa.
Quando tínhamos piolhos a nossa mãe lavava-nos a cabeça com Quitoso e com um pente fininho removia a piolhada toda.

Braço engessados, dentes partidos, joelhos esfolados, cabeça rachada
Alguém se queixava disso?
Todos tinham razão, menos nós ...
Comíamos doces à vontade, pão com Tulicreme, bebidas com o (perigoso) açúcar. Não se falava de obesidade, brincávamos sempre na rua e éramos super activos ...
Quando comprávamos aqueles tubinhos de Fá naquela mercearia da esquina, vinha logo o pessoal todo a pedir um “coche” e dividíamos com os nossos amigos. Bebiam todos pelo mesmo tubinho e nunca ninguém morreu por isso ....
Quem não teve um cão?
Nada de ração. Comiam a mesma comida que nós (muitas vezes os restos), e sem problema nenhum!
Banho quente? Champô?
Qual quê! No quintal, um segurava o cão e o outro com a mangueira (fria) ia jogando água e esfregava-o com (acreditem se quiserem) sabão (em barra) de lavar roupa!

Algum cão morreu ou adoeceu por causa disso?

A pé ou de bicicleta, íamos à casa dos nossos amigos, mesmo que morassem a kms da nossa casa, entrávamos sem bater e íamos brincar.
É verdade! Lá fora, nesse mundo cinzento e sem segurança! Como era possível? Jogávamos futebol na rua, muitas vezes com a baliza sinalizada por duas pedras... Ás vezes quando éramos muitos tínhamos que ficar de fora sem jogar nem ser substituído... mas nem era o “FIM DO MUNDO”!

Na escola tinha bons e maus alunos. Uns passavam e outros eram reprovados. Ninguém ia por isso a um psicólogo ou psicoterapeuta. Não havia a moda dos superdotados, nem se falava em dislexia, problemas de concentração, hiperactividade. Quem não passava, simplesmente repetia de ano e tentava de novo no ano seguinte!

As nossas festas eram animadas por gira-discos , a fazerem aqueles cliques da agulha a deslizar nos discos de vinil. As bebidas, eram claro, a deliciosa groselha com cubinhos de gelo.

Tínhamos:

Liberdade,
Fracassos,
Sucessos
e
Deveres.

...e aprendíamos a lidar com cada um deles!
A única verdadeira questão é:
Como conseguimos sobreviver? E acima de tudo, como conseguimos desenvolver a nossa personalidade?

Sem dúvida vão responder que era uma chatice, mas ... Como éramos felizes!!! "

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