sexta-feira, 8 de maio de 2009

Lobito / Polícias sem história

Lobito, o livro sobre o qual vos falei e que está na minha mesa-de-cabeceira, está quase a finalizado... Uma história simples que decorre numa cidade com o mesmo nome, durante a década de sessenta. Tal como já vos tinha dito fala de locais e pessoas de uma cidade onde nasci e onde os meus pais viveram alguns anos.

Aliás, duas pessoas que lá viveram, uma delas o meu pai, já leram o livro e ficaram com saudades do tempo que lá passaram ao ponto de dizerem que durante a leitura do livro “estiveram” em locais onde passaram bons momentos da vida, que deixaram saudades, ao ponto de até acharem que algumas das pessoas que são faladas no livro eles conheceram... Por momentos voltaram ao Lobito.

É óbvio que eu não consegui ter esse impacto e sentimento ao ler o livro pois os meus 3 anos não me permitiram guardar muitas imagens mas deu-me a conhecer uma cidade que me viu nascer. Quem sabe um dia não a vou “conhecer” pessoalmente...



Mas esta é a minha leitura de mesa-de-cabeceira pois durante o dia faço-me acompanhar de um outro livro que praticamente já li metade: “Polícias sem história” de Francisco Moita Flores.
É o 4º livro que leio de Moita Flores e tal como os outros aproveita a história do polícia Ernesto para mais uma vez criticar o funcionamento da justiça, as leis e a forma como são (ou não) executadas, enfim, a crise porque passa o nosso sistema judiciário.
Permite-nos também conhecer a vida de um polícia, os seus medos, a sua indignação perante pessoas que estão acima da lei, no fundo, como diz a capa do livro, um olhar irónico sobre a vida mas do ponto de vista de um polícia.
Aliás, tal como acontece em muito dos seus livros consegue muitas vezes através do humor ser bastante cómico e ao mesmo tempo corrosivo nas críticas que estão implícitas nos seus romances. É certo que muitos leitores não gostam da sua escrita por recorrer muitas vezes ao palavrão ordinário e à linguagem brejeira que utiliza mas que faz parte do vocabulário habitual das personagens que descreve. Aliás penso que esse tipo de linguagem nos aproxima mais da personagem.
Sinopse:
"Um olhar irónico sobre a vida do ponto de vista dos polícias e não só... Teve o direito a votar e votou. O direito de comprar o carro a prestações e comprou. A adquirir casa com o juro bonificado e adquiriu. A ir ao médico e escolher se queria consulta com recibo verde e escolheu. Mas, sublimidade de todas as coisas sublimes, teve direito ao protesto e não protestou. A fazer greve e não fez. A revoltar-se contra a arrogância e preferiu o silêncio. A reagir à injustiça e quedou-se atormentado. A indignar-se contra a hipocrisia e morder a raiva até espirrar sangue. Foi solidário. Todos os domingos dava esmola a um mendigo e, ainda que por medo, nunca deixou sem gorjeta um arrumador de carros. Deus deu-lhe o nome de Ernesto. O Diabo fez dele polícia."

Um comentário:

Vera disse...

Tu andas um leitor e tanto :)
Que orgulho, depois do comentário que me escreveste!
Bom fim de semana