«Futebol, Fátima e Fado não foram uma obra do regime “mas um impulso cultural” e o “refúgio” de um povo angustiado,
defende Ricardo Serrado.
O historiador e autor do livro O Jogo de Salazar – A Política e o Futebol no Estado Novo garante que nunca houve
um plano de instrumentalização da modalidade por parte dos dirigentes salazaristas.
Pelo contrário, ele acredita que o regime tinha algum receio do desporto mais popular do mundo.»
defende Ricardo Serrado.
O historiador e autor do livro O Jogo de Salazar – A Política e o Futebol no Estado Novo garante que nunca houve
um plano de instrumentalização da modalidade por parte dos dirigentes salazaristas.
Pelo contrário, ele acredita que o regime tinha algum receio do desporto mais popular do mundo.»
Emprestaram-me este livro por ser um adepto praticante do chamado Desporto-Rei, o futebol...
O resultado deste livro não é mais do que o resultado da tese de Mestrado apresentado á Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lsboa por Ricardo Serrado.
No fundo este livro é o resultado de estudo aprofundado sobre o futebol e o que este representou no tempo do Estado Novo e se este fenómeno desportivo foi ou não utilizado como instrumento para chegar a outros fins que não apenas o interesse desportivo.
Debate-se neste livro as duas faces do Regime em relação ao futebol. Por um lado era visto como um deporto onde várias pessoas de várias camada sociais se juntavam e assim criavam o meio perfeito para o nascimento de “perigosos inimigos” do regime que podiam assim facilmente espalhar os seus pensamentos e criar vontades contrárias ao regime de Salazar. Numa outra vertente o mesmo Regime pedia ao futebol que assumisse a responsabilidade de incutir nas pessoas que iam ao futebol os valores e princípios morais do Regime.
Eu como adepto de futebol sempre ouvi dizer que este ou aquele clube foram sempre muito apoiados na altura do Regime mas este livro talvez tenha desfeito esse mito. Muitas vezes o que acontecia era apenas o aproveitamento político das conquistas do futebol , chamando a si os feitos para engradecer a pátria e o próprio Estado Novo.
Um exemplo ainda discutido nos tempos modernos foi quando Oliveira Salazar declarou Eusébio, “patrinómio nacional”. É que este declaração foi feita durante um período em que existiam conflitos com as ex-colónias que lutavam pela libertação da administração portuguesa. Fazendo de um africano o maior símbolo do país dava muito jeito aos governantes. Muitos não concordam com esta linha de pensamento... Muitos dizem que os 3 F’s eram o grande suporte deste Regime: Fado, Fátima e Futebol... outros há que acham esta afirmação muito discutível pois descrevem o antigo Regime como antiurbano, antimodernizante e até hostil ás massas.
No fundo é um livro sobre futebol mas acima de tudo é um livro de História Contemporânea.
Aliás como escreve o Historiador e Professor Universitário José Varanda, hoje me dia, “...passamos mais tempo a ler e ouvir programas sobre futebol do que qualquer outro tipo de entretenimento. O futebol tem mais tempo de antena que qualquer debate político sobre os problemas nacionais. Excitação, canalização de frustações pessoais e profissionais, “descarregador emocional”, o futebol coloca a nu todos os nossos instintos...”
Gostei muito de ler este livro porque aprendi um pouco mais de uma época que não foi a minha mas que faz parte da história de todos aqueles que viveram numa época difícil e onde o futebol era o escape para se expressarem, libertarem e terem algumas alegrias pois quem não se lembra dos feitos europeus do Benfica ,
Sporting e da Selecção de Portugal no Mundial de Inglaterra.
Um comentário:
Não foi só o Eusébio que serviu de propaganda, também foi o Ricardo Chibanga.
Aliás há uma foto que foi amplamente difundida a seu tempo, na prala de Toiros do Campo Pequeno, em que estava o Ricardo Chibanga e o Eusébio, estando este de muleta na mão.
Daqui te vejo
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