domingo, 13 de abril de 2008

O estranho caso do cão morto

" No dia seguinte, vi quatro carros amarelos quando ia a caminho da escola, o que fez com que o dia fosse um Dia Negro, por isso não comi nada ao almoço e fiquei todo o dia sentado no canto da sala, a ler o meu manual para o exame de admissão de matemática (...), não falei com ninguém e, durante toda a tarde , fiquei sentado no canto da Biblioteca a gemer (...), isso fez-me sentir calmo e seguro."

" Voltei a enrolar-me em cima da relva e, mais uma vez, comprimi a testa contra o chão e fiz aquele barulho a que o Pai chama gemer. Eu faço este barulho quando está a entrar na minha cabeça demasiada informação vinda do mundo exterior. É como quando se está chateado e se segura o rádio de encontro ao ouvido, sintonizando-o entre duas estações, e tudo o que se consegue ouvir é estática; depois aumenta-se o volume, até que esse barulho é tudo o que se consegur ouvir, e sabe-se que se está seguro porque não se consegue ouvir mais nada. O policia pegou-me no braço e obrigou-me a pôr de pé. Eu não gostei que ele me tocasse desta maneira. E foi então que lhe bati."

Christopher Boone é o narrador deste magnífico romance, tem apenas 15 anos e sofre de sindrome de Asperger, uma forma de autismo. Possui uma memória fotográfica, é excelente a Matemática e a Ciências, mas o que mais lhe custa compreender é "tão somente" a espécie humana.

A cor vermelha dá-lhe sorte e detesta o amarelo. Quando está nervoso faz contas de cabeça. Tem dificuldades em entender emoções, detesta ser tocado por alguém ou ficar em lugares com muita gente.

O Estranho Caso do Cão Morto é um livro extraordinário onde se aprende a ver o mundo do ponto de vista de uma criança com este tipo de sindrome, visão essa a que poucas vezes temos acesso.
Aprende-se a ver o seu mundo sem a compaixão que quase sempre se associa ao autismo, o que permite compreender as preocupações diárias e a organização mental de quem vive com o facto.

E agora perguntam vocês - então e nesta história toda onde é que entra o tal cão morto?

Pois, para saber têm que ler!

Vale mesmo a pena.



Kat

8 comentários:

Peninha disse...

Este post serviu para me lembrar que ainda não devolvi o livro...irrraaa!! Esqueço-me sempre!!! Sorry Kat!

Mas é um livro muito giro e que fala de um tema que me diz muito!!

O Cristopher tem as suas rotinas para se sentir bem, tem dificuldades para compreender o "nosso" mundo e tem algumas dificuldades em comunicar com pessoas... !!! Faz-me lembrar alguém... :-)

Li algures que esta história em breve será adaptada ao cinema, pois os direitos para filme foram já adquiridos pelos produtores de Harry Potter.

Quanto ao cão morto... o Wellington, leiam, vale apena!!!

Maria Lavrador disse...

Bolas, não é que esta conversa sobre um cão morto a esta hora do dia me abriu o apetite????

Não li o livro mas pela descrição parece giro, fico á espera que alguém mo empreste!!!

Bjs

Kat disse...

Maria,
não entendi muito bem a ligação entre a história do cão morto e o apetite, ainda por cima à hora de almoço. Quanto ao livro, posso to emprestar quando o Peninha mo devolver (que entretando lembrou-se que é detentor desta obra maravilhosa e a proprietária sou eu).

Maria Lavrador disse...

Cão morto = cachorro = batata palha+salsicha+molhos = tou com fome!!!

Peninha disse...

Para subir novamente o nível deste post deixo a informação que "O Estranho Caso do Cão Morto" recebeu em 2004 o prémio de "Whitbread Book of The Year", o segundo maior prémio literário de língua inglesa a seguir ao "Booker Prize"...
Digam lá agora que não se sentem muito melhor em saber isto?

Maria Lavrador disse...

Sim, sim, sim, isso não interessa nada agora quando é que devolves o livro?????? Eu quero ler!!!

Mrs_Noris disse...

Olá,
Em tempos procurei o livro mas não o consegui encontrar em nenhuma das nossas livrarias. Neste momento estou mais inclinada para livros de cariz mais técnico sobre SA. Entretanto vou registando as sugestões.
Saudações.

Mina disse...

Já li, além da parte que nos faz rir, tbm é muito real e faz-nos pensar...
Levanto mais um pontinha do conteúdo,a fixação do jovem por nºs primos...
O vermelho dar-lhe sorte, é que parece que estamos em maré de azar(lol), agora é mais azul e verde...
Eu sei quem matou o cão, mas não vou contar...
Bjocas