Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.
É só porque as tuas ondas são puras.
Sophia de Mello Breyner Andresen
2 comentários:
Não há nada como o Mar, seja ele escrito, pintado, fotografado ou dito. O Mar de Sophia é um Mar amado, dito por quem só pode amar.
Também eu estou ainda por aqui...tentando encontrar o meu Mar!
Kat, Peninha e Elektra, têm um desafio no Vekiki!
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